Por Jônatas Brito.
Escrito por George Orwell (pseudônimo de Eric Arthur Blair) entre 1943 e 1945, este clássico literário causou um grande mal-estar no cenário político de sua época, pois o escritor, decepcionado com o stalinismo e com os rumos que a Revolução Soviética tomou, fez com que A Revolução dos Bichos se transformasse em uma enorme sátira sobre a experiência soviética como um todo; pois, segundo ele mesmo escreveu em 1947, “convenci-me de que a destruição do mito soviético era essencial para conseguirmos reviver o momento socialista”. Ou seja, Orwell queria denunciar o mito soviético numa história que fosse facilmente compreendido por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo. E ele conseguiu.
O livro conta a história dos animais da Granja do Solar que, cansados da exploração e da opressão causados pelos humanos, e influenciados pelos discursos calorosos feitos pelo porco Major, de liberdade e de uma nova sociedade cooperativa e igualitária, rebelam-se contra seus donos e tomam posse da fazenda.
Logo após a “revolta”, os bichos da granja do Solar (que agora fora batizada pelos próprios animais de Granja dos Bichos) começam a viver o tão sonhado sistema cooperativo e igualitário, tão declamado pelo falecido porco Major. Os animais são liderados pelos porcos Bola-de-Neve e Napoleão, que eram os mais inteligentes dentre todos os animais e faziam com que todos trabalhassem de acordo com suas capacidades, e que tudo que era produzido na fazenda era para o bem comum de todos. São instituídos comitês, cursos para ensinar os animais a ler e a escrever, havia também os sete mandamentos onde todos tinham que seguir á risca para o bem da nova sociedade; onde a máxima a ser seguida por todos era “Quatro pernas bom, duas pernas ruim”. A Revolução começa a tomar outros rumos quando o porco Napoleão expulsa o camarada Bola-de-Neve da fazenda começando assim um regime de opressão, punições e execuções entre os animais baseado agora no lema “todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros”. Dessa forma, a revolução acaba criando uma tirania pior que a que eles tinham anteriormente com os humanos.
“As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas era impossível distinguir quem era homem, quem era porco.”
No decorrer da leitura, acabamos criando afeição a alguns personagens, como os cavalos Sansão, Quitéria, Mimosa e o burro Benjamim e odiando a outros, como o porco Napoleão e seus capachos. E, para quem está familiarizado com a história da Revolução Russa, é fácil identificar nas características dos animais da fazenda personagens reais da história da Rússia, como Stálin, Trotski, além de fatos que ocorreram nesse período como a excomunhão dos dissidentes, os julgamentos e as execuções em massa.
De fato, esta obra se trata de uma leitura obrigatória para quem quer ler grandes clássicos da literatura influente do século XX. A leitura não é enfadonha, nem cansativa, chegando na verdade a ser quase que um conto infantil (se não fosse uma sátira a um regime cruel e realista), por usar de palavras de fácil compreensão até para uma criança; e de fato era justamente esse o objetivo de Orwell ao criar esta obra.
TÍTULO: A REVOLUÇÃO DOS BICHOS
AUTOR: GEORGE ORWELL
EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS
PÁGINAS: 126